Estou habituada a documentar os dias mais importantes das vidas de muita gente. Choro muito, rio-me mais, arrepio-me demais. Jurei, mesmo que o mundo caísse, que ia lá estar. Cansada e com as saudades a apertarem dos miúdos por não os ver há mais de 24h. Jurei e cumpri. Queria ser testemunha de tudo o que lhe estava a acontecer. Cheguei meia hora antes de cortar a meta. Passaram-me pela lente dezenas de pernas desconhecidas em lágrimas, com dores e cansados mas não havia um par que não cortasse a meta a rir. Chorei com todos eles, tinha o coração a bater mais que depois de 42 km a dar tudo de mim e faltavam-me as forças. Comecei a ver caras conhecidas e eu, com medo do desfoque da tremura das minhas mãos no desassossego do momento, limitei-me a disparar. Só queria ser, mais uma vez, o espelho que se vê mais tarde. De repente vejo uma nuvem de balões cor de rosa, ela a rir, eu a chorar e a lembrar-me das dezenas de frases que ouvi até aquele dia. Nenhuma tinha sido: “vou acabar na maior”. Acabou na maior. Fraquejou quando sentiu que o caminho acabara mas, nem […]