Jan 12

Direitos

Não escondo o ego, em alturas superiores à capacidade que uma segunda feira tem de o abarcar. Não o escondo quando vejo fotografias minhas nas bancas. Deixa-me imensamente feliz, não nego. Mas fico feliz por isso, por ser eu vê-las, nada mais.

Só no último mês aconteceu duas vezes. Em Portugal há um estranho costume de só se assinar o que convêm. Não vejo, na imprensa escrita, um só artigo que não tenha o nome do autor, um livro que seja anónimo, um vestido que não tenha associado o nome do criador, uma receita que não tenha o nome do chef. Para o bom e para o mau (que também o tenho) há sempre identidades em (quase) tudo o que conhecemos.
Os actores recebem palmas, os jornalistas críticas e prémios pelos textos, os chefs estrelas Michelin, e os fotógrafos? Fotografias publicadas sem créditos. Constantemente. Mas sem elas ninguém veria arte, ninguém veria guerra, ninguém criticaria moda, ninguém babava de ver receitas, ninguém viajaria sem sair de casa, ninguém veria um casamento real ou um real príncipe nascer, ninguém saberia de o nariz era da tetravó, ninguém teria um álbum com a sua vida em 10×15. Só com ela decoramos salas, enchemos quartos e animamos ruas. Só com ela temos saudades dos primeiros meses dos nossos filhos, só com ela lembramos, para sempre, o dia mais feliz das nossas vidas.
Também há o filme, é certo  mas não decora paredes, não enche quartos. Não se imprime, não se rasga, não se publica, não se vende avulso nem se compra em colecções.
Perguntem, pesquisem, trabalhem bem quem da imprensa faz vida. E se, depois de esgotarem todas as hipóteses, ainda não souberem quem as captou, incluam um “D.R.”. Nunca ofendeu ninguém.
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