Parede de orgulhos

Tenho, aqui em casa, mesmo à minha frente, uma parede cheia de vocês. Famílias, noivos, crianças, amigas e bebés. Uma espécie de espelho daquilo que sou, que me deixam ser e que quero prolongar para o resto da minha vida. Está a abarrotar de medos, indecisões, inseguranças, defeitos e tudo o que me fez chegar aqui, 2 anos depois. Esta também vai para lá. Para nunca me esquecer que basta um segundo para guardar uma imagem, para sempre, e um prego para segurar tudo o que é bom na minha vida.

Photo of the Day

Passo os dias a pedir-me calma, que Roma e Pavia não se fizeram num dia e tudo tem timmings na vida. Mas não consigo. Não consigoooooooooo.

Sina

Fui perseguida por uma cigana que pedia, insistentemente, para me ler a sina. “É só um eró! É só um eró!”, dizia em passo curto e acelerado atrás de mim. Uns vinte metros que me pareceram um Lisboa-Porto e cansada da pedinchice parei de rompante, virei-me para trás rezando para que não nos beijássemos, olhei-a nos olhos e num “Diga!” calei-a. Baixou o tom e encolhendo-se, diz-me:– Só lhe quero ler a sina, menina.– Mas eu não quero, obrigada!– Então levante só a mão que eu não cobro nada.Anui.– Não é essa, é a direita.Revirei-lhe os olhos e continuou:– Sabe que é muito invejada?– Sei.– Sabe?– Hum-hum. Não, não sei nada, só quero que se despache.– E sabe que é muito feliz?– Sei.– Então agora para lhe dizer o resto é um eró!Dei uma gargalhada e segui caminho. Até nem acho caro pagar um eró para nos lembrarem o que tão bem sabemos. Talvez volte à mesma esquina desafogada e procure a mesma cigana que na sua vaga imaginação há-de me lembrar de um ou dois pontos. Nunca é demais o conforto das certezas. Mesmo que inventadas. 🙂