O meu mural está cheio de mochilas novas, crianças que não sabem ao que vão, mães chorosas e outras esfuziantes com o reescrever do ano lectivo naqueles cadernos novos a cheirar a papel sem tinta. E eu, fechada nestes muros, com duas alminhas enfermas só grito “viva o regresso às aulas!” e não é pelo mesmo motivo das mães que não choram nem pelo abandono das que limpam as bochechas 🙂
Estou de volta! Não dou notícias há mais de um mês e pareceram-me umas duas horas. Fomos de férias, trouxemos areia, pendurámos conchas, apanhámos chuva e fintámos o sol que miúda grandona ainda só o pode ver a horas próprias. Gozei do gozo de passear com dois mini nós e já nem me lembro de como era a vida sem os dias esticados em mimos. Voltámos para ficar e se eu não der muitas notícias por aqui dou noutro lado, onde estamos sempre à mão 🙂 https://instagram.com/afterclick
Agora, cada vez que se irrita ou que as frustrações tomam conta dos dias, diz: “Características!” Ponham na leitura do palavrão um cerrar de dentes, silabas vincadas e um punho fechado e fica exactamente como o ouviriam. “Características!” A palavra, só por si, já carrega tanta responsabilidade no que somos que também me parece aceitável o seu uso quando é preciso desanuviar a alma para afastar aquelas ditas que gostávamos que não viessem no pack da existência. E se isso lhe serve para fazer expurgo de vida é bom que continue. Prefiro que lhe saia um palavrão disfarçado que um “porra” bem dito. Ainda assim tenho a certeza que lhe dá o mesmo significado. Malditas características! 🙂
Há uns dias passei à frente do E.P.L. Eram 9 da manhã, eu já estava com uma pica do caraças para ir fotografar e vi um carro, mal parado, com 3 raparigas dentro, com música aos berros, que a cantavam igualmente alto e em grandes coreografias. Desvio o olhar para uns 5 metros ao lado e vejo um rapaz, com pouco mais de 20 anos a carregar dois sacos do lixo cheios. A não ligação de factos era tanta que me conseguiram prender a ponto de deixar passar dois sinais verdes 🙂 O que hoje me lembro melhor era daquele sorrisão de dentes muito brancos. Entrou no carro e mesmo com a música a ouvir-se no Porto o berreiro foi tal que me fez perder mais um sinal. Abraços, beijos, festas e perguntas infindáveis. Nunca tinha visto alguém ser libertado. Eu, de pelos em pé e olhos rasos só queria também abraça-lo e dizer-lhe que a maior Liberdade é aquela que nos prende a tudo quando não se é dono de coisa nenhuma. E se, a mesma Liberdade com que lutamos todos os dias por nós não fosse óbvia a quem a sempre sentiu sua, pensava-se mais na escolha dos passos, era-se […]