Só pode ser

Ainda não tem 4 meses. Pesa 8kg e está no percentil 97. É o destino a gozar comigo. Só pode. 🙂 smile e

Dos meus consolos

Têm-me perguntado como têm corrido as injecções da hormona do crescimento. Uma merda! Ah, não se podem dizer palavrões nas redes sociais. Paciência, agora já comecei, vou continuar. Nem sei se é pior ele levá-las se sermos nós a dar. De todas as áreas da saúde em que já temos um diploma aprovado falta-nos passar a uns exames de psicologia. Não posso gastar mais latim a explicar a um miúdo de 4 anos que é para o bem dele. Não posso nem quero porque não irá perceber porque tem que ter dor para ser do tamanho dos pais. Ou do Super Homem ou dos Príncipes da Disney. E não posso pedir que não se zangue connosco. Passámos anos a “autorizar” que lhe fizessem mal e agora, não contentes com isso, somos mesmo nós a fazer-lhe o bem com uma injecção por dia, durante 10 segundos. Adorava ter um capítulo na minha vida que se chamasse “o que não precisa de explicar aos seus filhos” e que nele viessem descritos todos os tópicos proibidos por que uma criança teria que passar. O que me consola é que daqui a 14 anos já só vou chegar-lhe ao peito e agora ainda o consigo […]

Disney at home

Amanhã começa a minha época balnear de paixões. Os miúdos vão ficar com o meu Príncipe encantado que a Gata Borralheira tem que trabalhar. 🙂 Desde que não andem em cima dos tapetes como a Yasmin, que a minha Lurdes esteve cá hoje, que não vão a casa de desconhecidos como a Bela, que não convidem amigos para dormir em casa à laia da Branquela, que não mexam em agulhas como a Aurora, que não sejam alarves como o Pooh, que a Ariel não vos dê ideias na casa de banho, que não andem às cavalitas do Pai senão acaba-me em Notre Dame, e que não se pendurem nas cortinas que não são lianas, por mim podemos repetir a dose já para a semana. Vá lá, sejam bonzinhos que eu sei que o Pai não adora ser a Mary Poppins! E não sejam Moglis que de selvagem já temos a vida. Já sabem que se tentarem esconder-me alguma coisa não se esqueçam que o nariz cresce sempre e que posso sempre virar bruxa má. Depois não me façam olhos de Gato das Botas. 🙂

Da criação

Foi passar o fim de semana com os avós numa tentativa de descansarmos a alma, mimar a miúda e deixá-lo ser mimado. Para apaziguar os burburinhos constantes e enganar a saudade liguei para saber dele. – Olá mãe! – Olá querido! Então agora atende o telefone do avô? – Sim. – Humm. Onde é que está? – A tomar café. – Ah, está bem. E os avós? – Estão ali a falar com umas criaturas.Comecei o meu rosário de vergonhas a pedir ao Criador que as ditas criaturas não tivessem ouvido a criaturinha e, no caso de algum apuro de audição, não achassem que seria algum mal da criação. Ou quem estava em apuros era eu. tongue emoticon

Férias

A semana tem passado ao ritmo dos dias. Fugazes enquanto a luz os aquece e demorados nos finais cor de rosa. Andamos a assobiar para o lado até chegar a noite, que de escuridão se fazem todas as dores e ansiamos por aprender a desenhar limites se limitadas temos as vontades. No barulho da existência ainda me vou cruzando com famílias e saindo de fininho deste cheiro a nenuco que se cola à pele, aos olhos e à boca. Por agora só queremos rumar a sul que o norte foi traçado há tempo. Emaranhar areia nos passos e não distinguir o infinito da espuma das ondas. Para a semana voltamos mais fortes, mais leves e mais salgados que o mar precisa do nosso mergulho e nós de sal numa Margarita 🙂 Melhores dias virão, melhores dias virão.
Jun 01

Durante anos irritava-me este dia. Não percebia porque é que depois de tanta tinta nas mãos, cortes nos dedos e cola nos cabelos para, orgulhosamente, dar presentes nos dias do Pai e da Mãe, os patrões não os mandavam fazer o mesmo, com o mesmo empenho e outra dedicação, no dia da Criança. Ficávamos, as três a ansiar, no mínimo, por um rabisco mal amanhado num embrulho não menos ranhoso mas os ditos patrões nunca os dispensaram para 15 minutos de artes plásticas:) Depois fui mãe e o dia passou a ter outra cor. E mais cola e tesouradas e tintas infernais. Não é que cumpra religiosamente as artes que não tenho tempo para esperar que sequem mas tento que haja qualquer coisa de diferente. Hoje não sou eu que lhe dou o presente. De tantos dias sem significado em todo o ano tinha que nos calhar este! Sei que já olho para as coincidências da vida com uma leveza às vezes irritante mas talvez me livre de pensamentos menos católicos, que só rezo para que chegue amanhã:) Hoje vamos passar o dia no hospital. Nada de mais. Melhor: até tem alguma importância o tamanho que qualquer um de nós […]
Mai 14

Educação apressada

Ando a ensiná-lo a não bater. A ele e a mim, que volta e meia saltam-me os dedos ao rabo numa tentativa de educação apressada em fuga a uma troca de verbos. A não bater, a pedir desculpa, a um obrigado agradecido, a rir de si próprio, a dar, a amar, a trabalhar e tudo o que os dias me vão pedindo em testemunho na certeza de que, também eu, os tive em sorte. E ando a pedir, muito, que nunca seja um daqueles pais. Mais do que a atitude condenável era a certeza de toda uma educação falhada, um prenúncio de resto de vida atribulado. Se algum dia tal acontecer, que não me falhe a memória dos princípios básicos de vida numa sociedade civilizada que a mão, essa extensão de mim que afaga mas também educa, essa tenho a certeza de que não falhará para voltar a educar. E se for essa a sina que lhe corre nas veias a ferver que me perdoe mas não estou a fazer mais que amá-lo.

Sina

Fui perseguida por uma cigana que pedia, insistentemente, para me ler a sina. “É só um eró! É só um eró!”, dizia em passo curto e acelerado atrás de mim. Uns vinte metros que me pareceram um Lisboa-Porto e cansada da pedinchice parei de rompante, virei-me para trás rezando para que não nos beijássemos, olhei-a nos olhos e num “Diga!” calei-a. Baixou o tom e encolhendo-se, diz-me:– Só lhe quero ler a sina, menina.– Mas eu não quero, obrigada!– Então levante só a mão que eu não cobro nada.Anui.– Não é essa, é a direita.Revirei-lhe os olhos e continuou:– Sabe que é muito invejada?– Sei.– Sabe?– Hum-hum. Não, não sei nada, só quero que se despache.– E sabe que é muito feliz?– Sei.– Então agora para lhe dizer o resto é um eró!Dei uma gargalhada e segui caminho. Até nem acho caro pagar um eró para nos lembrarem o que tão bem sabemos. Talvez volte à mesma esquina desafogada e procure a mesma cigana que na sua vaga imaginação há-de me lembrar de um ou dois pontos. Nunca é demais o conforto das certezas. Mesmo que inventadas. 🙂
Mai 11

Dia do Trabalhador

Não sei o que vai ser. Nem sequer se vai ter um emprego ou um trabalho. Se olhar para os pais verá duas caras felizes, com trabalhos que os realizam, sem horários, muito empenho e responsabilidade pelo gozo que dá jurar eternidade ao que gostamos. Não sei mesmo o que vai ser. É um dos itens da lista de incógnitas da vida que adorava advinhar. Não percebo de búzios e ainda não sei ler bolas de cristal mas posso tentar a sina no que vejo daqueles olhos brilhantes, que nas mãos já lhe li, há tempos, sorte.Pode ser Astronauta, de tanto que anda na lua; talvez Veterinário pelo cuidado com os animais; pode ser Médico pela licenciatura em medicina e especialização em cardiologia; pode ser Polícia Sinaleiro, com os engarrafamentos de todo o tipo de veículos que povoam esta casa; pode ser Pugilista, pelos antecedentes criminais; pode ser Político pelo discurso vago, acelerado e certeiro; pode ser Artista de Circo pela capacidade de entreter todo o tipo de público por tempo indeterminado; pode ser Viajante se das histórias que hoje fantasia fizer vida; um dia Bailarino pela dificuldade de manter aqueles dois pés pequenos e gordos em uníssono com a gravidade; […]
Abr 27

Sem provas

Ando a tentar conter a mão e o aumento de volume vocal no que toca a esta electricidade não estática. Tento que as asneiras sejam equilibradas tanto como o mimo que anda por estas paragens.Há uns dias o Lourenço chega a casa a diz-me que soube que o miúdo bateu em outros dois. Ainda medi as consequências de uma conversa mãe – miúdo-mais-querido-que-não-era-assim-antes-da-irmã-nascer. Sabia lá se tinha batido em legitima defesa se o impulso se deu primeiro! Acho sempre que a tentativa de educação, mesmo que falhada, é melhor que um leve assobio para o lado. Assim foi. – Babá!?– Sim, mãe?– Já sei que hoje bateu em dois meninos…Desvia o olhar do que não lhe interessa.– Hummm… Quem eu!?– Sim…Pensa três segundos:– Como é que sabe? Tem fotografias? Desarmou-me o ar sisudo e passei a olhar para a minha teleobjectiva com outros olhos. Talvez venha a ser um bom advogado. Negar até ao fim. Negar até ao fim! smile emoticon

Blue eyes

“Blue eyes (my) Baby’s got blue eyes Like deep blue sea On a blue, blue day”
Abr 15

Notas

Chegaram as notas do 2º período. Acredito na dificuldade de avaliar seres de um metro mas quero acreditar ainda mais na imparcialidade da hora no que toca a preencher com x todos os parâmetros do caminho. Obrigada querida Marta por algumas cruzes mais chegadas à esquerda quando sabemos, as duas, que pertenciam a um quadrado do lado oposto. Não é novidade que o miúdo é impaciente, preguiçoso, falador, que põe os colegas a trabalhar por ele sem que ninguém tope e que leva quem quer, onde quer, num piscar de olhos. Aceito os “S”. Mas não me digam que não faz subtracções! Só o ensinei a somar os dias, as horas e os segundos da vida. Que tudo o que acrescentar aos passos, ficará para sempre. E fá-lo tão bem que pode começar a preencher o cabeçalho com Doutor. Fizesse ele somas erradas e diria que quem devia ter cruzes à direita era eu.  heart emotic

Sonhos

Nunca tive grandes sonhos quanto ao número de filhos. Sabia que se tivesse um, teria dois.Nunca tive grandes sonhos quanto ao género. Se tivesse um rapaz, gostaria de ter dois.Nunca tive grandes sonhos quanto à personalidade de cada um. Se fossem tortos, tentaria ir ao endireita smile emoticon, se fossem bonzinhos agradeceria todos os dias a benesse da mão leve e quieta.Nunca tive grandes sonhos quanto às feições. Melhor um coração grande que a beleza de olhos azuis e cabelo russo. Sei, agora, que apesar de não ter sonhado nada, vivo no sonho de ter dois filhos, da sorte de ter um de cada género e que de género se faz cada um smile emoticon. Nunca dei tanta razão ao Marco Paulo: tenho dois amores, um é loiro outro é moreno e que gozam os dois de um maravilhoso coração, maravilhoso. smile emotico
Abr 15

Miúda mais boa

Esta é a Assunção smile emoticon Também conhecida por Xum, Gorda, Chouriça, Preta ou China. Já cá anda há uma semana mas só agora a mostro não fosse algum galdério catrapiscar estes 3.400 kg antes mesmo de ela vir dormir a casa. Miúdas com refêgos e covinhas nas bochechas têm sempre mais saída. smile emoticonEstamos completamente in love, é santa e a bola mais querida que existe.O mano ainda não a adora mas já a tolera. Está radiante de ser o mano crescido e, de repente, vejo-o enorme. Acho que perdi a total noção de escalas de gente pequena. Anda inspiradissimo. Mais que nunca. No primeiro dia que a viu, pergunta-me:– Mãe, se esta é a minha mana, como é que ela saiu daí?(3 segundos de raciocinio, lento)– Vá perguntar ao Pai!A explicação, de um segundo, culpou os médicos. Não contente continuou com mais “Comos”, “Onde” e “Quando”. Felizmente não perguntou “Porquê”. Ainda há esperança de voltar a alinhar os chakras já que não há volta a dar no alinhamento de mimos singulares 🙂
Abr 15

Segundo primeiro

Bolas! Lembrei-me disto há uns dias e não consigo deixar de pensar: vou ter o segundo filho! Vou ter o segundo filho – vou ter o segundo filho – vou ter o segundo filho – vou ter o segundo filho. E por mais que o repita não me consigo abstrair do facto de, em mil e uma coisas, ser o primeiro.Sei de tanta boa Mãe que queria apagar do mapa aqueles dois primeiros meses. A adaptação ao caos, as logísticas, a saga dos biberons, verdadeiros ou falsos smile emoticon, as malditas noites, o umbigo. Eu quero-os! Só os tive a cheirar a éter e já só sonho com os barulhos, com a paz das sestas, a felicidade dos cor de rosa, a alegria dos biberons smile emoticon e o cheiro insuportável dos cocós. Quero lá saber se durmo ou não! Quero um segundo filho como se fosse o primeiro, com as regalias de um segundo e amor como todos os que me pertencerem! heart emoticon (estou prestes a rebentar. se não me virem por aqui nos próximos dias tomem bem conta desta página, mais vossa que minha ou cusquem aqui:https://instagram.com/afterclick)
Fev 11

De molho

Estamos há 4 dias de molho que talvez se prolonguem mais que o desejo. Tinha programado esta semana como a última frenética a (tentar) despachar o que tenho em mãos mas em mãos calhou-me um bicho de pilhas iguais ao coelho da Páscoa. Confesso que não tenho resistido aos pedidos de enroscanço em mantas várias ou aos toques leves para que fiquemos de mãos dadas a ver televisão. Só tenho evitado idas para cama alheia que de beleza também se faz o meu sono. Se algum dia anuir no pedido é assim que vão acabar as vossas edições e livros. 

Borboletas

Ando com os dias embrulhados. Entre o resto das edições que me faltam, as paginações que tenho que começar e os mails que tenho tenho que responder ainda navego num mar cor de rosa cheio de folhos, rendas, lãs e piqué. Já não sei se edite a máquina de lavar, se pagine os cueiros ou se responda ao Soflan. 🙂 Ando com vergonha dos meus passos e da tira cor de pele que separa as calças da t-shirt. Evito descer os três andares que me levam à sanidade mental por obrigações várias, que a vida é feita de timmings. Ando de olhos cravados no céu na esperança de ser ouvida que ainda tenho um trilião de coisas para fazer antes de me derreter e já tenho borboletas a rondarem a área, que de tanto espaço que tenho ocupado no tronco, já cá não cabem! 🙂
Jan 12

Direitos

Não escondo o ego, em alturas superiores à capacidade que uma segunda feira tem de o abarcar. Não o escondo quando vejo fotografias minhas nas bancas. Deixa-me imensamente feliz, não nego. Mas fico feliz por isso, por ser eu vê-las, nada mais. Só no último mês aconteceu duas vezes. Em Portugal há um estranho costume de só se assinar o que convêm. Não vejo, na imprensa escrita, um só artigo que não tenha o nome do autor, um livro que seja anónimo, um vestido que não tenha associado o nome do criador, uma receita que não tenha o nome do chef. Para o bom e para o mau (que também o tenho) há sempre identidades em (quase) tudo o que conhecemos. Os actores recebem palmas, os jornalistas críticas e prémios pelos textos, os chefs estrelas Michelin, e os fotógrafos? Fotografias publicadas sem créditos. Constantemente. Mas sem elas ninguém veria arte, ninguém veria guerra, ninguém criticaria moda, ninguém babava de ver receitas, ninguém viajaria sem sair de casa, ninguém veria um casamento real ou um real príncipe nascer, ninguém saberia de o nariz era da tetravó, ninguém teria um álbum com a sua vida em 10×15. Só com ela decoramos salas, […]

Para 2015

Fui dar uma vista d’olhos à lista de pedidos para 2014 e a coisa até foi bem conseguida. Concretizei quase tudo. Só o mau feitio infundado vai passando de lista em lista, como se fosse algum produto esgotado do Pingo Doce.Queixo-me muitas vezes das surpresas da vida. Daquelas não desejadas, que vêm num embrulho manhoso e esqueço-me que o melhor presente é o que está sempre para vir! Se fizer barulho, tiver brilhantes e laços farfalhudos, melhor. Este ano desembrulhei vários. Não os pedi, não tinham talão de troca e não os quero devolver, por nada. Recebi os melhores noivos do mundo. Fotografei milhares de pessoas, milhares de sorrisos e juras de amor eterno que de eterno se faz o meu trabalho; Peguei ao colo dezenas de bebés e crianças, tirei-lhes a pinta, consegui-lhes a graça e tiraram-me o folgo; Revi livros para vos entregar o que vos enche as prateleiras e completa a colecção da vida; Recebi em troca tanta escrita corrida e voz entremelada, tão boa. Deram-me a moda. Deram-me A Pipoca Mais Doce para que alargasse a visão da minha vida, lhe desse cor, corte e textura. Caiu-me nos braços num dia 13, de sol e tanto frio. Desde esse dia […]
Dez 23

Felizmente é Natal!

No sábado tive que o acordar à hora da rotina semanal. Ainda meio atordoado pergunta-me se é dia de escola. Relatei-lhe a nossa manhã complicada e disse-lhe que ia ficar umas horas nos avós. Entre o sorriso ensonado, o cheiro a quentinho e os cabelos muitos loiros despenteados fecha os olhos, respira fundo e diz: “Felizmente eu posso!”. Dei uma gargalhada tal que o miúdo se ofendeu. 🙂 Revi todas as frases mais marcantes que me disse só para confirmar que era a mais pirosa 🙂 Era. 🙂 Continuava a ouvi-lo respirar fundo quando, também eu, parei e fixei-o. De repente foi Natal naquele quarto. Eu, alheada da época, percebi que era Natal e quem mo tinha mostrado era ele. “Felizmente eu posso!” É tão isto, o Natal! 🙂 Felizmente eu posso ter um Natal; Felizmente eu posso passá-lo com a minha família; Felizmente eu posso comprar presentes a quem mais gosto; Felizmente eu posso chegar a casa e abraçá-los; Felizmente eu posso ter uma casa; Felizmente vou vesti-lo de xadrez; Felizmente vai ser uma correria; Felizmente posso estar sentada num sofá a escrever ao computador, quentinha. Tantos “felizmentes” que tenho na minha vida! E tantos que não os têm. E saber que o meu […]