Anseio

Devo ter apanhado sol a mais na cabeça porque já só vejo azul, areia, biquinis e pele dourada no meu desktop. Anseio, anseio… 🙂 Shooting for A Pipoca Mais Doce for Futah.

Corpo às riscas

Tenho trabalhado tanto ao sol que dou por mim a tentar disfarçar as marcas da t-shirt e dos calções. Volta e meia ainda encontro um grão de areia alapado à minha pele a pedir cor e ando a desculpar-me, em cenários vários, quando me perguntam o porquê de andar tão corada quando os ombros continuam iguais aos Natal de 85. Não fosse o mood de quem me segue e a energia de quem corro atrás e ainda estaria na penumbra a pensar se a barriga que ainda me sobra da prole aumentada e o 34 à justa seriam desculpa suficiente para evitar uns clicks mais à fresca. Pensando pouco e rápido é melhor continuar a correr atrás de qualquer coisa que as desgraças não se vão embora sozinhas e a pele, mesmo às tiras, não muda de tom com a luz do computador. 🙂  

Só pode ser

Ainda não tem 4 meses. Pesa 8kg e está no percentil 97. É o destino a gozar comigo. Só pode. 🙂 smile e

Dos meus consolos

Têm-me perguntado como têm corrido as injecções da hormona do crescimento. Uma merda! Ah, não se podem dizer palavrões nas redes sociais. Paciência, agora já comecei, vou continuar. Nem sei se é pior ele levá-las se sermos nós a dar. De todas as áreas da saúde em que já temos um diploma aprovado falta-nos passar a uns exames de psicologia. Não posso gastar mais latim a explicar a um miúdo de 4 anos que é para o bem dele. Não posso nem quero porque não irá perceber porque tem que ter dor para ser do tamanho dos pais. Ou do Super Homem ou dos Príncipes da Disney. E não posso pedir que não se zangue connosco. Passámos anos a “autorizar” que lhe fizessem mal e agora, não contentes com isso, somos mesmo nós a fazer-lhe o bem com uma injecção por dia, durante 10 segundos. Adorava ter um capítulo na minha vida que se chamasse “o que não precisa de explicar aos seus filhos” e que nele viessem descritos todos os tópicos proibidos por que uma criança teria que passar. O que me consola é que daqui a 14 anos já só vou chegar-lhe ao peito e agora ainda o consigo […]
Jul 16

Afinal…

E de repente, o post anterior tem um episódio novo.Os miúdos, ao que consta, pareceram o Tom and Jerry numa versão personificada a 3D e a Cinderela apareceu mesmo! Graças a Deus não virou tudo abóbora à meia noite mas eu, para mal dos meus pecados, eu continuei a Gata Borralheira até ao fim:)  

Disney at home

Amanhã começa a minha época balnear de paixões. Os miúdos vão ficar com o meu Príncipe encantado que a Gata Borralheira tem que trabalhar. 🙂 Desde que não andem em cima dos tapetes como a Yasmin, que a minha Lurdes esteve cá hoje, que não vão a casa de desconhecidos como a Bela, que não convidem amigos para dormir em casa à laia da Branquela, que não mexam em agulhas como a Aurora, que não sejam alarves como o Pooh, que a Ariel não vos dê ideias na casa de banho, que não andem às cavalitas do Pai senão acaba-me em Notre Dame, e que não se pendurem nas cortinas que não são lianas, por mim podemos repetir a dose já para a semana. Vá lá, sejam bonzinhos que eu sei que o Pai não adora ser a Mary Poppins! E não sejam Moglis que de selvagem já temos a vida. Já sabem que se tentarem esconder-me alguma coisa não se esqueçam que o nariz cresce sempre e que posso sempre virar bruxa má. Depois não me façam olhos de Gato das Botas. 🙂

Da criação

Foi passar o fim de semana com os avós numa tentativa de descansarmos a alma, mimar a miúda e deixá-lo ser mimado. Para apaziguar os burburinhos constantes e enganar a saudade liguei para saber dele. – Olá mãe! – Olá querido! Então agora atende o telefone do avô? – Sim. – Humm. Onde é que está? – A tomar café. – Ah, está bem. E os avós? – Estão ali a falar com umas criaturas.Comecei o meu rosário de vergonhas a pedir ao Criador que as ditas criaturas não tivessem ouvido a criaturinha e, no caso de algum apuro de audição, não achassem que seria algum mal da criação. Ou quem estava em apuros era eu. tongue emoticon

Nasceu!

Da fragilidade com que nascemos há toda uma parafernália de adjectivos singulares e tão leves como o momento. Da fragilidade com que pegamos em alguém, tão nosso, pela primeira vez, há sempre a dúvida se é mais frágil o que nasce ou o que renasce. Foi mesmo mesmo colado às minhas férias mas não me consigo descolar destas imagens.

Férias

A semana tem passado ao ritmo dos dias. Fugazes enquanto a luz os aquece e demorados nos finais cor de rosa. Andamos a assobiar para o lado até chegar a noite, que de escuridão se fazem todas as dores e ansiamos por aprender a desenhar limites se limitadas temos as vontades. No barulho da existência ainda me vou cruzando com famílias e saindo de fininho deste cheiro a nenuco que se cola à pele, aos olhos e à boca. Por agora só queremos rumar a sul que o norte foi traçado há tempo. Emaranhar areia nos passos e não distinguir o infinito da espuma das ondas. Para a semana voltamos mais fortes, mais leves e mais salgados que o mar precisa do nosso mergulho e nós de sal numa Margarita 🙂 Melhores dias virão, melhores dias virão.
Jun 01

Durante anos irritava-me este dia. Não percebia porque é que depois de tanta tinta nas mãos, cortes nos dedos e cola nos cabelos para, orgulhosamente, dar presentes nos dias do Pai e da Mãe, os patrões não os mandavam fazer o mesmo, com o mesmo empenho e outra dedicação, no dia da Criança. Ficávamos, as três a ansiar, no mínimo, por um rabisco mal amanhado num embrulho não menos ranhoso mas os ditos patrões nunca os dispensaram para 15 minutos de artes plásticas:) Depois fui mãe e o dia passou a ter outra cor. E mais cola e tesouradas e tintas infernais. Não é que cumpra religiosamente as artes que não tenho tempo para esperar que sequem mas tento que haja qualquer coisa de diferente. Hoje não sou eu que lhe dou o presente. De tantos dias sem significado em todo o ano tinha que nos calhar este! Sei que já olho para as coincidências da vida com uma leveza às vezes irritante mas talvez me livre de pensamentos menos católicos, que só rezo para que chegue amanhã:) Hoje vamos passar o dia no hospital. Nada de mais. Melhor: até tem alguma importância o tamanho que qualquer um de nós […]

Tudo o que cai do céu

Acho que também vou juntar um punhado de miúdas curtidas e pedir-lhes que me atirem confetis. Quero continuar de braços abertos a receber tudo o que do céu me cai.

Parede de orgulhos

Tenho, aqui em casa, mesmo à minha frente, uma parede cheia de vocês. Famílias, noivos, crianças, amigas e bebés. Uma espécie de espelho daquilo que sou, que me deixam ser e que quero prolongar para o resto da minha vida. Está a abarrotar de medos, indecisões, inseguranças, defeitos e tudo o que me fez chegar aqui, 2 anos depois. Esta também vai para lá. Para nunca me esquecer que basta um segundo para guardar uma imagem, para sempre, e um prego para segurar tudo o que é bom na minha vida.
Mai 14

Educação apressada

Ando a ensiná-lo a não bater. A ele e a mim, que volta e meia saltam-me os dedos ao rabo numa tentativa de educação apressada em fuga a uma troca de verbos. A não bater, a pedir desculpa, a um obrigado agradecido, a rir de si próprio, a dar, a amar, a trabalhar e tudo o que os dias me vão pedindo em testemunho na certeza de que, também eu, os tive em sorte. E ando a pedir, muito, que nunca seja um daqueles pais. Mais do que a atitude condenável era a certeza de toda uma educação falhada, um prenúncio de resto de vida atribulado. Se algum dia tal acontecer, que não me falhe a memória dos princípios básicos de vida numa sociedade civilizada que a mão, essa extensão de mim que afaga mas também educa, essa tenho a certeza de que não falhará para voltar a educar. E se for essa a sina que lhe corre nas veias a ferver que me perdoe mas não estou a fazer mais que amá-lo.

Photo of the Day

Passo os dias a pedir-me calma, que Roma e Pavia não se fizeram num dia e tudo tem timmings na vida. Mas não consigo. Não consigoooooooooo.

Sina

Fui perseguida por uma cigana que pedia, insistentemente, para me ler a sina. “É só um eró! É só um eró!”, dizia em passo curto e acelerado atrás de mim. Uns vinte metros que me pareceram um Lisboa-Porto e cansada da pedinchice parei de rompante, virei-me para trás rezando para que não nos beijássemos, olhei-a nos olhos e num “Diga!” calei-a. Baixou o tom e encolhendo-se, diz-me:– Só lhe quero ler a sina, menina.– Mas eu não quero, obrigada!– Então levante só a mão que eu não cobro nada.Anui.– Não é essa, é a direita.Revirei-lhe os olhos e continuou:– Sabe que é muito invejada?– Sei.– Sabe?– Hum-hum. Não, não sei nada, só quero que se despache.– E sabe que é muito feliz?– Sei.– Então agora para lhe dizer o resto é um eró!Dei uma gargalhada e segui caminho. Até nem acho caro pagar um eró para nos lembrarem o que tão bem sabemos. Talvez volte à mesma esquina desafogada e procure a mesma cigana que na sua vaga imaginação há-de me lembrar de um ou dois pontos. Nunca é demais o conforto das certezas. Mesmo que inventadas. 🙂
Mai 11

Dia do Trabalhador

Não sei o que vai ser. Nem sequer se vai ter um emprego ou um trabalho. Se olhar para os pais verá duas caras felizes, com trabalhos que os realizam, sem horários, muito empenho e responsabilidade pelo gozo que dá jurar eternidade ao que gostamos. Não sei mesmo o que vai ser. É um dos itens da lista de incógnitas da vida que adorava advinhar. Não percebo de búzios e ainda não sei ler bolas de cristal mas posso tentar a sina no que vejo daqueles olhos brilhantes, que nas mãos já lhe li, há tempos, sorte.Pode ser Astronauta, de tanto que anda na lua; talvez Veterinário pelo cuidado com os animais; pode ser Médico pela licenciatura em medicina e especialização em cardiologia; pode ser Polícia Sinaleiro, com os engarrafamentos de todo o tipo de veículos que povoam esta casa; pode ser Pugilista, pelos antecedentes criminais; pode ser Político pelo discurso vago, acelerado e certeiro; pode ser Artista de Circo pela capacidade de entreter todo o tipo de público por tempo indeterminado; pode ser Viajante se das histórias que hoje fantasia fizer vida; um dia Bailarino pela dificuldade de manter aqueles dois pés pequenos e gordos em uníssono com a gravidade; […]
Abr 27

Sem provas

Ando a tentar conter a mão e o aumento de volume vocal no que toca a esta electricidade não estática. Tento que as asneiras sejam equilibradas tanto como o mimo que anda por estas paragens.Há uns dias o Lourenço chega a casa a diz-me que soube que o miúdo bateu em outros dois. Ainda medi as consequências de uma conversa mãe – miúdo-mais-querido-que-não-era-assim-antes-da-irmã-nascer. Sabia lá se tinha batido em legitima defesa se o impulso se deu primeiro! Acho sempre que a tentativa de educação, mesmo que falhada, é melhor que um leve assobio para o lado. Assim foi. – Babá!?– Sim, mãe?– Já sei que hoje bateu em dois meninos…Desvia o olhar do que não lhe interessa.– Hummm… Quem eu!?– Sim…Pensa três segundos:– Como é que sabe? Tem fotografias? Desarmou-me o ar sisudo e passei a olhar para a minha teleobjectiva com outros olhos. Talvez venha a ser um bom advogado. Negar até ao fim. Negar até ao fim! smile emoticon

Em foco

Saudades de sair de casa com um único foco: o de vos focar para não deixar a minha vida tremida com o desfoque que é não vos fotografar. Está quase, está quase.
Abr 22

Memórias

Talvez um dia escreva memórias e talvez vos inclua no índice. A todos. Tudo o que de bom me tem calhado na vida vem com capa forrada, papel grosso e letra desenhada de tamanho grande. A colecção, com vários volumes, terá introdução que para grande histórias é bom que se faça um g’anda resumo, e o epílogo, espero longe. Tão longe. Só ainda não lhe encontrei um nome. Do caraças, esta vida! Não me parece mal.:)

Blue eyes

“Blue eyes (my) Baby’s got blue eyes Like deep blue sea On a blue, blue day”