Bem, não posso dizer que este inverno não está a ser animado. A Assunção a cada par de dentes toma um antibiótico e intercala o feito com tosses e ranhos. Impecável. Coerência é com ela e fica em casa semana sim, semana não. O miúdo até que andava a safar-se de bichos mas não se livrou de escorregar num tapete e os óculos fizeram o resto. Bartolomeu 0 – 1 Óculos. Nunca parti a cabeça. Para dizer a verdade nunca parti nada (só a maquina fotográfica, safaram-se os dentes:)), por isso não fazia ideia do que fazer. A prática em cardiologia não me deu o brevet em cabeçadas, nunca vi tanto sangue em modo torneira e há muito tempo que ele não gritava assim. Paniquei. Parecia um filme. Eu sentada no chão, ele ao meu colo, eu a ensopar compressas e o Lourenço a limpar. Era o mais importante, limpar. O chão, a parede, as minhas mãos e a cara do miúdo. “Não vais assim para o hospital!” Se fosse para um baile era esquisito, para um hospital acho… “o menor dos meus problemas! Pára com isso, homem!!” Acho que ainda me disse duas vezes que se calhar não se justificava a viagem e que ia estancar logo, logo. Deve ser! A entrada no hospital foi a correr, atenderam-no logo e em menos de 20 minutos estava no bloco. Berreiro a dobrar quando lhe puseram o pano na cara para o suturarem. Percebi, quando o tiraram, que o verdadeiro drama de tantos decibéis não eram as dores. “Oh não! Agora vou ficar com a cabeça partida para sempreeeeeeee!!” gritava histérico e ensopado em lágrimas. Expliquei-lhe que já não estava partida e que iríamos para casa num ápice. Seca a cara com as costas das mãos, manda-me aquele sorrisão e chuta um “ufa, ‘tava a ver, q’alivio, ‘bora pa casa!”.
Coisa mais querida este meu boneco de retalhos com costuras a cada palmo de corpo. Mais 4 pontos para a tabela da coragem. O adversário ficou ko. ♥